Enquanto seguia o caminho do velho, Hugo perguntou-se se estaria agindo certo. O calango
(“Vai se chamar Borgo”, pensava Hugo)
estava imóvel, observando o caminho a frente de cima da cabeça de Hugo. Aos poucos, as pessoas começaram a aparecer. “Ele está na companhia de Jonas. Não deve haver mal algum, então”, elas pensavam. Sem esperar por aquilo, o velho voltou a falar com Hugo:
– Não me disse seu nome nem de onde vem.
–Chamo-me Hugo – ele respondeu – ,e venho do Norte Árido.
– Seu sobrenome, você não o disse.
– O que é isso?
–Trata-se de um segundo nome, normalmente é algo compartilhado por famílias.
–No norte, éramos todos uma só família. Era o que minha mãe dizia.
–Que seja.
Hugo pareceu ficar um pouco apreensivo.
–E você não me disse o seu – ele disse.
O velho parou e olhou irado para Hugo.
– Como é que é?
–Seu nome.
–Devia ter mais respeito com os mais velhos, rapaz.
–Estou retribuindo o respeito que o senhor me concedeu.
Ainda mais irado, o velho se virou para a frente e continuou o caminho.
–Jonas Perchant – ele respondeu e Hugo ficou satisfeito. Afinal, fora aceito por ele e isso era um passo.
Eles estavam a alguns metros da estrutura fixa. Hugo percebeu que toda a atenção da colônia estava voltada para ele, mais especificamente para o que ele carregava na cabeça. A criatura estranha estava causando um alvoroço e tanto, e ele estava em contato com ela não fazia nem meia hora! Porém, ao mesmo instante, ele estava a alguns passos de se tornar membro de alguma nova colônia, algo do qual Hugo havia sido separado por motivos terríveis.
Entraram na cabana( foi como Jonas chamou a estrutura) e sentaram cada um em um banco. A cabana deveria ter mais ou menos o mesmo tamanho das barracas, só que era mais alto, e feita de concreto. O interior era decorado por uma fogueira no centro da cabana, alguns bancos distribuídos pelo aposento, uma cama baixa bem ao fundo e uma pequena mesa próximo da entrada. Algo simples, apesar de aparentar diferir das demais.
Jonas puxou o banco para perto do fogo e chamou Hugo. Também disse que podia tirar o manto empoeirado e colocá-lo em algum outro lugar que não fosse ali. Hugo seguiu o que lhe foi pedido, revelando uma camisa branca empoeirada e uma calça preta em estado idêntico por debaixo do manto. Os cantis foram postos próximo ao manto(em um tapete perto da mesa), mas a adaga continuou presa ao cinto.
–Nicole! Eu sei que você está aí! Venha aqui! – o velho gritou de repente. Uma jovem aparentemente mais nova do que Hugo atravessou a porta, adentrando o aposento. Tinha os cabelos negros e longos, porém presos. Se vestia à moda de Jonas – Chame Érick. E diga que temos um membro novo para a expedição dele.
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