sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Terra Morta: O Homem no Deserto – Parte II
Hugo do norte, de um pequeno oásis que tinha uma colônia em volta. E, em volta do oásis, alguns quilômetros de terras áridas que viravam areia do deserto pouco depois disso. Há um ano, o oásis começou a secar, tendo seu fim verdadeiro a três meses. A colônia começou uma migração para o sul, com a consequência catastrófica de perder vários membros. De duzentos membros, cerca de setenta morreram. Esses que sobraram encontraram, ao primeiro mês de peregrinação, uma fonte d’água límpida. O erro dos que correram a frente para beber daquela água foi não saber que tinha um dono.
Um escorpião-gigante, uma criatura do deserto, atacou os membros da colônia, matando dezenas deles e ferindo outros. Depois de uma intensa batalha, três dos soldados mais fortes do grupo mataram a criatura. Com a morte de mais algumas pessoas por causa da ferida do escorpião-gigante, sobravam agora pouco mais de quarenta pessoas na colônia. E com o aparecimento de mais algumas criaturas do deserto reclamando a água da fonte, a colônia se lançou em caminhada há um mês.
Dia após dia, um membro a mais caía nas mãos da morte. Após mais um tempo de caminhada, e vinte membros a menos, uma pequena lagoa. Hugo foi o único que não bebeu daquela água e o único que não sucumbiu àquela água envenenada. Ele parou naquele lugar por um tempo para enterrar seus companheiros e a lagoa. “Estou salvando vidas”, ele dizia para si próprio. E seguiu seu caminho, sozinho, nessas últimas duas semanas.
Hugo desceu a duna até chegar no corpo.
–Legal – ele disse – o primeiro contato com um ser humano em duas semanas. Pena que não está vivo.
Procurou por algo que o homem pudesse estar carregando. Achou dois cantis de um litro cada, algumas moedas de bronze e uma adaga afiada. Guardou tudo com cuidado e seguiu o caminho para o sul, procurando algum sinal de civilização ou mesmo de um humano, vivo de preferência. Nada de animais selvagens vivos, seria um problema, ele sabe.
A parte arenosa do deserto começava a desaparecer naquele ponto. Isso significa que ele havia andando por dois meses e meio em um lugar onde anteriormente havia um oceano, e que agora está numa parte que foi terra firme em um passado bem distante. “Provavelmente ninguém se lembra, nem mesmo por livros, como isso aqui foi antes de se tornar um deserto. Nem devem saber porque é um deserto agora”, o pensamento de Hugo conversava com ele.
Mais quatro quilômetros de caminhada e a terra se tornara dura sob seus pés. Aquele é o pedaço em que antes não havia mar, mas sim uma antiga terra, quem sabe fértil. Mas agora é apenas um campo árido e sem vida. “O caminho a seguir será mais difícil”, essa era a certeza que se somava a ideia de morte na cabeça de Hugo. O ar pesava cada vez mais, andar era uma tarefa que requeria muito dele e aguentar o calor já havia virado uma tarefa a parte.
Hugo parou naquele campo árido e observou. Pelos cálculos, já deveria ter passado da hora da Meia-tarde( algo como 15 horas para nós), com o sol encaminhando para o poente no oeste. E havia absolutamente nada para sua frente e para seus lados. Ele começava a se indagar se o sul seria realmente sua melhor escolha.
O tempo passou e a hora do Poente iniciou.
O vento soprava alguma areia em Hugo, que foi forçado a olhar para baixo e a cobrir melhor o rosto. Era a primeira vez que ele se encontrava naquele tipo de cenário, naquela região, e não sabia o que esperar ou encontrar por lá. E encontrar algo era a parte mais assustadora, ainda mais com a noite se aproximando.
A ventania parou e Hugo pode olhar para frente mais uma vez. Em seu lado direito, a uns cem metros de distância, ele avistou algo. Pôs-se em corrida, com um ânimo recém-encontrado. Uma carroça! E tinha um lampião aceso, sinal de que havia alguém, vivo, mas ainda restava a questão da humanidade.
Era uma carroça rústica, de madeira, cerca de oito metros quadrados de espaço, não tendo mais de dois de altura. Sim, era um humano. Hugo estava mais próximo, quase na porta da carroça, quando essa se abriu, saindo de dentro um homem idoso.
–Veja só – ele disse – Tenho companhia esta noite! Isto é, se você quiser. Quer?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente!